Vagueio pela noite da escuridão, e caminho pela penumbra do oculto. Cruzo-me com os mais diversos olhares, uns captam a minha atenção, outros atingem o coração. O frio que se faz sentir, não consegue gelar ainda mais este coração que permanece um rochedo e que não sai do seu lugar. Está fixo, parado, e não se move nem com a maior rajada de vento. A melancolia assume o papel principal deste enredo que é a "caminhada das emoções", onde todos os papéis secundários, assumem um grande relevo e justificam a sua importância.
A calma faz-me respirar fundo, mas a turbulência que o ar gélido me traz agita demais sem querer. Evito fazer ultrapassagens e dar um passo maior que a minha perna, mas o coração parece que quer quebrar todas as regras, mostrar a sua irreverência e posição impetuosamente. É uma contradição que assume contornos perturbantes até para a mente mais sã, mas ao mesmo tempo faz um bem incalculável. Ajuda-o a fazer ponderações, a pensar sem agir depressa e instintivamente porém a sua força não é eterna, e contém algumas lacunas que serão devidamente reparadas com o passar do tempo.
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20/02/2012
06/02/2012
Esvoaçar
As lágrimas chegaram, e vieram secar a alma. Supostamente, deveria ser ao contrário, mas não é, até porque não existe um termo certo para definir isto. Hoje a frieza desta pobre, inocente veio ao de cima, e com ela concluí a veracidade das minhas palavras e também de algumas ditas pelos que me são mais próximos. Está tudo tão enevoado, que não consigo enxergar bem os telhados lá em baixo. Quero descer momentaneamente à terra, mas é-me impossível, este turbilhão de emoções suga-me e rapidamente perco as forças para lutar contra a mãe-natureza. Sinto-me um pássaro, que quer esvoaçar para longe, para sentir outros cheiros, chilrear juntamente com outros pássaros, e abraçar os vapores de outra cidade, sentir de uma forma igualmente ou mais intensa do que aqui, mas a realidade prende-me e é a essa tenho que me agarrar, firmemente, fortemente e com todas as minhas forças.
Não me conformo, mas simplesmente vou aceitando tal como a lei da vida e da natureza, e vou esvoaçar intensamente por aqui. Quem sabe, não encontrarei outros chilreares que sempre soube que existiam mas que nunca escutei com atenção?
Não me conformo, mas simplesmente vou aceitando tal como a lei da vida e da natureza, e vou esvoaçar intensamente por aqui. Quem sabe, não encontrarei outros chilreares que sempre soube que existiam mas que nunca escutei com atenção?
André Prado
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