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20/02/2012

Imensidão de um escuro profundo

Vagueio pela noite da escuridão, e caminho pela penumbra do oculto. Cruzo-me com os mais diversos olhares, uns captam a minha atenção, outros atingem o coração. O frio que se faz sentir, não consegue gelar ainda mais este coração que permanece um rochedo e que não sai do seu lugar. Está fixo, parado, e não se move nem com a maior rajada de vento. A melancolia assume o papel principal deste enredo que é a "caminhada das emoções", onde todos os papéis secundários, assumem um grande relevo e justificam a sua importância.
A calma faz-me respirar fundo, mas a turbulência que o ar gélido me traz agita demais sem querer. Evito fazer ultrapassagens e dar um passo maior que a minha perna, mas o coração parece que quer quebrar todas as regras, mostrar a sua irreverência e posição impetuosamente. É uma contradição que assume contornos perturbantes até para a mente mais sã, mas ao mesmo tempo faz um bem incalculável. Ajuda-o a fazer ponderações, a pensar sem agir depressa e instintivamente porém a sua força não é eterna, e contém algumas lacunas que serão devidamente reparadas com o passar do tempo.

06/02/2012

Esvoaçar

As lágrimas chegaram, e vieram secar a alma. Supostamente, deveria ser ao contrário, mas não é, até porque não existe um termo certo para definir isto. Hoje a frieza desta pobre, inocente veio ao de cima, e com ela concluí a veracidade das minhas palavras e também de algumas ditas pelos que me são mais próximos. Está tudo tão enevoado, que não consigo enxergar bem os telhados lá em baixo. Quero descer momentaneamente à terra, mas é-me impossível, este turbilhão de emoções suga-me e rapidamente perco as forças para lutar contra a mãe-natureza. Sinto-me um pássaro, que quer esvoaçar para longe, para sentir outros cheiros, chilrear juntamente com outros pássaros, e abraçar os vapores de outra cidade, sentir de uma forma igualmente ou mais intensa do que aqui, mas a realidade prende-me e é a essa tenho que me agarrar, firmemente, fortemente e com todas as minhas forças.
Não me conformo, mas simplesmente vou aceitando tal como a lei da vida e da natureza, e vou esvoaçar intensamente por aqui. Quem sabe, não encontrarei outros chilreares que sempre soube que existiam mas que nunca escutei com atenção?


André Prado

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